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A ameaça dos cigarros eletrônicos no Brasil

Por: Carolina Pereira Buzo, Gabriela Gaspar, Georgia Barcarolo e Lara Guzzardi


Foto: banco de imagens

O cigarro eletrônico, também conhecido como e-cigarette, vape ou caneta vapor, é um dispositivo movido a bateria que permite o usuário a fumar, teoricamente, sem os riscos do cigarro convencional. A versão tradicional do eletrônico tem como objetivo o fumo da nicotina vinda da folha de tabaco no formato de aerossol, com todas as impurezas e substâncias químicas sendo removidas por meio de um processo interno, o que as tornaria mais limpas. Mas, na prática, a maioria das canetas à vapor disponíveis para compra não seguem um padrão de qualidade.

Desde 2009, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) proíbe a comercialização, importação e a publicidade desses cigarros eletrônicos. Segundo o órgão, o e-cigar transmite uma falsa sensação de segurança ao fumante e, baseada no princípio da precaução, apoia a decisão na justificativa de que não há estudo que comprove que ele pode ser usado como uma alternativa ao cigarro, carecendo de comprovação científica sobre a eficácia e segurança do produto.

Ainda de acordo com a Agência, uma das preocupações relaciona-se à maior exposição às substâncias contidas nos vapes, pois a duração média de uma tragada no cigarro eletrônico é 1,9 segundos maior quando comparada aos cigarros manufaturados. Isso permite que partículas finas e ultrafinas alcancem as estruturas mais profundas dos pulmões, podendo contribuir para processos inflamatórios pulmonares e sistêmicos e aumentar o risco de doença cardiovascular e respiratória, levando até mesmo à morte.

Por ser um dispositivo eletrônico, a substância escolhida para o fumo é aquecida internamente, liberando um vapor líquido parecido com a fumaça gerada pelos cigarros convencionais. E esse vapor é um dos suspeitos de estar causando uma doença pulmonar, que é muitas vezes letal, relacionada ao uso do cigarro eletrônico, chamada Evali.

Nos Estados Unidos já foram identificados mais de 2.000 casos e 39 pessoas morreram de Evali. A maioria das pessoas diagnosticadas fumaram tetrahidrocanabinol (THC), um composto ativo da maconha, que foi diluído em substâncias químicas no formato de óleo. Já no Brasil, apenas um caso foi registrado até o momento. O publicitário Pedro Ivo Brito, de 29 anos, diagnosticado com pneumonia em setembro deste ano, teve o quadro agravado por fazer uso do dispositivo. Em 2018, o design sofisticado do cigarro eletrônico atraiu sua curiosidade. "Quando eu disse que fazia uso do cigarro eletrônico no hospital, os médicos falaram que não era o único motivo, mas que agravou o meu quadro", disse ele em entrevista ao R7.

Foto: banco de imagens


O pneumologista do Hospital São Luiz/Rede D'Or em São Paulo, Dr. Rodrigo Santiago, conta que nunca socorreu nenhuma ocorrência que culminou em morte, mas que já atendeu pacientes usuários da caneta vapor que tiveram complicações em casos de doenças respiratórias, como a asma. “Foi comprovado através de estudos que o uso do cigarro eletrônico aumenta a chance de se ter pneumonia, por causa do vapor quente. Além disso, o propileno-glicol utilizado para diluir a nicotina, quando aquecido, se transforma em formaldeído, substância tóxica que pode causar câncer de pulmão”, conta ele.


Sobre os casos de tragédia nos EUA, o médico revela que muitos jovens americanos podem ter falecido em decorrência da provável adição de Vitamina E ao fumo do cigarro eletrônico, para nutrir o corpo, ao invés de ingerí-la: “Existem evidências de que essa é uma substância pesada que causa mal aos brônquios e se deposita nos pulmões, causa pneumonites e pneumonias intersticiais que alteram o tecido pulmonar, podendo gerar infecções gravíssimas, muitas vezes levando à morte.” Segundo ao Center of Disease Control and Prevention (CDC), agência federal americana responsável pelo controle e prevenção de doenças, a Vitamina E também pode ser uma das responsáveis. Em estudo recente, foi descoberto a existência dessa vitamina no pulmão dos 29 pacientes com Evali analisados.

Uma grande preocupação do Dr. Rodrigo Santiago é esclarecer para seus pacientes o mito de que o vape poderia substituir o cigarro comum, já que não viciaria e seria menos prejudicial à saúde, o que ele afirma ser mentira, pois o nível de nicotina existente é igual ou ainda maior por falta de regulamentação. “A disseminação dessas informações falsas, além dos atrativos do cheiro agradável e da experiência visual com luzes e botões, tem conseguido trazer os jovens de volta para o hábito de fumar, o que beneficia as indústrias de tabaco após a queda no número de fumantes ao longo dos anos através da conscientização.”, aponta o pneumologista.

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